sábado, 27 de agosto de 2011

COSTA E SILVA


DITADORES E SEUS CÚMPLICES HOMENAGEADOS EM FOZ
Já passou da hora de mudarmos os nomes dos espaços públicos!

O responsável pelo AI-5


Em 1967, o marechal Artur Costa e Silva é eleito presidente indiretamente pelo Congresso Nacional. A sua posse vai até 31 de agosto de 1969. Costa e Silva fez parte do conhecido “linha dura”, um conjunto de militares que defendiam um governo mais centralizado e desarticulasse as oposições.


No seu governo houve muitos protestos e greves de estudantes e operários de fábricas na sua grande maioria eram estudantes filiados a UNE [União Nacional dos Estudantes] do Rio de Janeiro, organizavam passeatas nas ruas contra o atual regime. E greves de operários das grandes fábricas que paralisavam suas atividades contra os militares.


Em abril de 1968, os metalúrgicos de Contagem (MG) entram em greve reivindicando melhoria salarial. A ‘abertura’ do general presidente mostra sua verdadeira face: promove-se uma verdadeira ocupação militar em Contagem. A repressão é brutal, chacinam-se operarários. Apesar da intensa repressão, os trabalhadores lutam por seus direitos.


Com essa política de “linha dura” os opositores ao regime foram adotando a ideia de pegar em armas para lutar contra o governo.Com medo das ações e dos protestos e mais além ainda com medo da esquerda dos comunistas, o Presidente Costa e Silva organizou grupos de civis e militares. Criou o Centro de Informações do Exército (CIEX), o Centro de Informações da Aeronáutica (CISA) e o Centro de Informações da Marinha (CENIMAR). Os três órgãos investigavam as atividades políticas daqueles que eram considerados “uma ameaça à ordem nacional”.


No ano de 1968 Costa e Silva instaura o Ato Institucional n.º 5 o conhecido AI-5. Nesse ato ele dava fim a todos os direitos civis, suspendia as garantias constitucionais do habes corpus, da vitaliciedade e da estabilidade, dava ao presidente o poder de intervir nos estados e nos municípios; decretar o estado de sítio sem audiência do Congresso; cassar mandatos e suspender direitos políticos por dez anos; demitir ou reformar oficiais das Forças Armadas e das polícias militares, promulgar decretos-leis e atos complementares, afim de assegurar a “segurança nacional”.


Por fim, com o AI-5 promulgado, aumentam as perseguições, repressões, opressões, tortura, cassação, toques de recolher. Com isso Costa e Silva foi um dos piores presidente do Brasil, toda a sua severidade entraria no tão conhecido “anos de chumbo” e que também tirou a vida de muitas pessoas dentro dos “porões da ditadura”.



Você acha que esses sujeitos merecem ser homenageados pela nossa cidade?


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TORTURA NUNCA MAIS EM FOZ
Sindicato dos Jornalistas Foz

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MARECHAL CASTELO BRANCO

DITADORES E SEUS CÚMPLICES HOMENAGEADOS EM FOZ
Já passou da hora de mudarmos os nomes dos espaços públicos!

O primeiro ditador


O general Humberto de Castelo Branco inicia um período de silêncio forçado no Brasil. Com a vitória do golpe, os militares implantam no Brasil um governo de exceção que detém poder absoluto concentrado nas mãos de um só homem, um governo tirano: uma ditadura militar.


Em nome do anti-comunismo e da 'democracia', este governo que se impõe pela força das armas, edita o ato institucional nº 1 (AI-1), suspendendo garantias constitucionais: caça e coloca no exílio os principais líderes do governo deposto (João Goulart, Leonel Brizola, Miguel Arraes, etc).


Além disso, o governo militar legitima a repressão sobre o movimento operário em centenas de sindicatos (na Grande São Paulo há intervenção em quase 100% dos sindicatos metalúrgicos; elabora e decreta uma nova lei de greve, a 4330, conhecida, com razão, como lei anti-greve, pois na prática proíbe todas as greves.


Também implanta uma política de arrocho salarial, na qual o Executivo Federal tem o poder de decretar os reajustes salariais sistematicamente inferiores à inflação (o salário perde seu valor real), elimina a lei de estabilidade no emprego; prende e exila lideranças sindicais; violenta os direitos humanos (torturas, assassinatos, 'desaparecimentos', invasões de domicílios, etc); cria o SNI (Serviço Nacional de Informações), etc. Este conjunto de medidas limpava a área e criava todas as condições para implantar uma nova política econômica totalmente voltado ao entreguismo do Brasil ao capital multinacional.


Em 1965, o governo tomava outras medidas para silenciar o movimento operário ou qualquer voz que levantasse contra a situação vigente. Assim, o governo baixa o AI-2 que suspende as garantias constitucionais e autoriza as cassações e intervenções em estados e municípios; decreta recesso em todas as casas legislativas (o Executivo passa a legislar através de decretos-leis); extingue os partidos políticos e cancela seus registros. Através de um ato complementar estabelece-se as condições para a organização de novos partidos dentro de 45 dias após o AI-2. É assim que nasce o bipartidarismo: forma-se a Aliança Renovadora Nacional (ARENA —partido do governo) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB —partido de oposição permitido pelo governo). E não pára por aí, às vésperas das eleições parlamentares de 1966 o Congresso Nacional foi fechado e continuam as cassações de mandatos.






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TORTURA NUNCA MAIS EM FOZ
Sindicato dos Jornalistas Foz

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CORONEL CLÓVIS CUNHA VIANNA


Viva Foz do Iguaçu!

Um ano após o Golpe Civil-Militar que derrubou o governo constitucional presidido por João Goulart, os partidos políticos foram extintos pelo Ato Institucional nº 2, e a partir de 1968, os prefeitos de regiões consideradas “Áreas de Segurança Nacional”, como Foz do Iguaçu, passaram a ser nomeados pelo ditador de plantão.

Os prefeitos que vinham para cá eram militares indicados pelo Conselho de Segurança Nacional. O coronel Clóvis Cunha Vianna foi nomeado prefeito de Foz do Iguaçu pelo general Costa e Silva. Ele chegou aqui em 1974 e ficou no cargo até 1984 servindo à ditadura e ao partido do governo militar – Arena.
Nos primeiros anos da década de 80 aumentou o movimento contrário à intervenção federal nos municípios considerados “área de segurança nacional”. Na onda da redemocratização foi então criado o Comitê Nacional de Autonomia Municipal (Conam). Apesar do clamor popular e das atividades do Conam, as eleições para prefeito em Foz do Iguaçu e demais municípios atingidos pelo ato ditatorial não saíam.

Acuado pelo descontentamento da população, no dia 11 de fevereiro de 1984, o coronel Clóvis Cunha Vianna oficializou o seu pedido de afastamento do cargo de prefeito. Ele, que havia se estabelecido na “Terra das Cataratas” nove anos antes sob o manto protetor do general Costa Cavalcanti, deixava o cargo de cabeça baixa. A notícia da exoneração do coronel Clóvis Cunha foi recebida com euforia pela população, que festejava o fim de uma década de autoritarismo, de submissão à ditadura civil-militar, de atropelamento aos direitos humanos e perseguição à imprensa.

Neste decênio foram atropelados os direitos básicos da população de baixa renda, seja daqueles que vieram para Foz do Iguaçu, movidos pela atração do emprego na obra da usina hidrelétrica de Itaipu, ou daqueles que saíram do campo devido à introdução das grandes plantações e por conseqüência da mecanização.

Milhares de famílias foram empurradas para os rincões mais longínquos da cidade de Foz do Iguaçu, sem as mínimas condições de habitabilidade. Enquanto a massa trabalhadora era impelida a comprar terrenos em “loteamentos” que careciam do básico como água e luz, grandes áreas nas cercanias do centro eram adquiridas à preço de banana pelos amigos do coronel prefeito. Hoje nessas mesmas áreas estão sendo construídos os condomínios de luxo.

O período que coronel Clóvis Cunha Vianna comandou a prefeitura de Foz do Iguaçu foi pródigo de gentilezas para os cupinchas e de ferro e fogo para o povo pobre e para àqueles que denunciavam as mazelas do prefeito nomeado. É o caso da perseguição aos editores do jornal Nosso Tempo. Cunha Vianna e seus cúmplices patrocinaram os atos criminosos contra a imprensa livre, que acabou levando jornalistas a serem julgados por tribunal militar e a prisão de um deles – Juvêncio Mazarollo.

Em resumo os dez danos em que o coronel Clóvis Cunha Vianna comandou a prefeitura foi um período de trevas, de autoritarismo, de má gestão do bem público, de abuso de autoridade com distribuição de benesses aos “amigos do rei”, de dilapidação do meio ambiente, de violação dos direitos básicos da pessoa humana e perseguição e crimes contra a liberdade de imprensa.

Você acha que esse sujeito merece ser nome de um Centro de Convivência em Foz do Iguaçu? 
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TORTURA NUNCA MAIS EM FOZ

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

TORTURA NUNCA MAIS – FOZ DO IGUAÇU

Nunca é demais lembrar que a tortura e desaparecimento forçado são crimes contra a humanidade. Não podem ser objeto de anistia ou autoanistia. Mas no Brasil, no Paraná e aqui em FOZ DO IGUAÇU esses crimes são tolerados. E o pior: seus responsáveis são homenageados com nomes de ruas, avenidas, escolas, hospital, ginásio e centro de convivência.

COMO CHEGAMOS A ESSE PONTO?
Chegamos a esse absurdo graças a uma obscura transição da ditadura para democracia. No Brasil, somente com o desgaste cada vez maior da ditadura, e o movimento desencadeado pelos Comitês Brasileiros de Anistia é que o general João Batista Figueiredo promulgou a Lei de Anistia em 28 de agosto de 1979.

Porém essa lei que concedeu anistia aos opositores do regime também anistiou os agentes da ditadura que prenderam, torturaram, mataram e ocultaram cadáveres. Com isso ficou decretado que não seriam investigadas as violações aos direitos humanos cometidas ao longo do regime totalitário.

Essa autoanistia promulgada pela ditadura trouxe prejuízos à obtenção da “VERDADE HISTÓRICA” referente aos fatos ocorridos na ditadura e a construção de um regime com princípios e valores democráticos. Para corrigir esse erro, em 2007 iniciou-se um debate sobre a “JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO”, conceito aplicadopela ONU que reúne práticas para lidar com o legado deixado por regimes de exceção:
• reforma das instituições para a democracia
• direito à memória e à verdade
• direito à reparação
• tratamento jurídico adequado aos crimes do passado.

Entre as normas fundamentais para a concretização da Justiça de Transição estão as que devem contribuir para o esclarecimento da verdade sobre as violações praticadas na ditadura. 

Ao mesmo tempo, outros fundamentos da Justiça de Transição devem ajudar na construção de referência para a reforma das instituições que cuidam da justiça e da segurança pública. 

Também devem incentivar políticas públicas de educação para a memória, com o objetivo de conscientizar a “cultura do nunca mais”.

Violência de hoje tem os dois pés na ditadura

O regime que sucedeu à ditadura militar está longe de ter princípios e valores democráticos. A relação entre Estado e a população precisa ser humanizada, as injustiças, abusos de poder denunciados e julgados. Para isto devemos requerer que seja posto em prática a Justiça de Transição.

Perdura entre nós a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, a descriminalização e o preconceito em vários sentidos, a ação policial pautada pela cultura do “pau-de-arara”, a abordagem policial estilo brucutu e a execução sumária praticada pelas polícias e justificadas nos boletins de auto de resistência.

A violência policial no Brasil é reflexo da ineficiência do processo de transição. Segundo especialistas, entre os quais Juan Faroppa, consultor da Corte Interamericana de Direitos Humanos, “as forças policiais têm uma missão insubstituível para o funcionamento do sistema democrático”. Ele ressalta a existência de policias militares no Brasil como resquício do regime militar. Ações que resultam em mortes pela polícia, assustam.

Algumas transgressões foram herdadas do período ditatorial, como assassinatos na tortura de cidadãos, enquanto agentes da repressão faziam constar nos boletins que os mesmos haviam resistido à prisão. As violações aos direitos humanos hoje é conseqüência de uma democratização não resolvida, onde se homenageia a ordem pela violência, dando nomes de ditadores as ruas, praças, escolas e outros espaços públicos. Justiça de Transição é rever e reescrever, trazendo à luz os crimes de ontem, condenando os criminosos, para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.
"Toda vez que um justo grita, um carrasco vem calar. Quem não presta fica vivo, que é bom, manda matar." [Cecília Meireles]

REGIME MILITAR - 1964 E 1985
O Brasil é o único país da América Latina que ainda não julgou criminalmente quem torturou e matou.
* 50 mil brasileiros presos
* 20 mil pessoas torturadas
* 10 mil exilados
* 380 mortos/desaparecidos
Fonte: Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados

DITADORES E SEUS CÚMPLICES HOMENAGEADOS EM FOZ
Já passou da hora de mudarmos os nomes dos espaços públicos!
Centro de Convivência Coronel Clóvis Cunha Vianna
Avenida General Costa e Silva
Hospital General Costa Cavalcanti
Colégio Marechal Castelo Branco
Ginásio General Costa Cavalcanti
Colégio General Costa e Silva
Rua Marechal Castelo Branco

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Sindicato dos Jornalistas Foz

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Memória: lembrar e não esquecer


Dizem por aí que o ideal é esquecer as coisas do passado, não remoer, deixar quieto. Mas, acreditamos que o passado não pode ser esquecido, ele tem que ser remoído, desconstruído. A rememoração se faz através das pessoas que compartilham dessas memórias que é fundamental para o grupo e a sociedade que fazemos parte.
           
As lembranças são construídas e processadas dentro do grupo do qual fazemos parte. De forma coletiva, todos colaboram na construção da memória e na rememoração dos atos e dos momentos vividos por nós mesmos e por outras pessoas, compondo aquilo que conhecemos como memória coletiva, onde todos podem se identificar.
           
Para que haja um sentimento de pertencimento e de identidade no âmbito social é preciso que essas memórias sejam repassadas para as próximas gerações, nesse momento que se firma o caráter social da memória. A linguagem ao expressar as reminiscências se configura como um instrumento socializador, unifica, amplia e aproxima.
           
No entanto, a memória pode sofrer modificações e rearticulações da forma que ela é colocada e/ou manipulada, assim mostrando somente aquilo que interessa aquele que está narrando. Desta forma, é importante ressaltar que a memória é um instrumento de luta de classes e no meio destas lutas que é definido o que deve ser lembrado e o que deve ser esquecido.
             
Assim ocorre com a Ditadura Militar no Brasil, que tenta esconder os seus erros e transformar os seus ídolos em mártires do qual nunca foi e nunca serão. Deste modo, não podemos esquecer uma época triste, que ficou registrada nos corpos ou nas memórias de muitos. Compartilhar com os mais novos as experiências do passado evita que aqueles velhos tempos tornem-se realidade novamente.



domingo, 21 de agosto de 2011

Falsos Ídolos

É comum observamos nomes de personalidades em bairros, cidades, escolas, hospitais e rodovias de todo o país. O questionamento que queremos fazer é: Quem são essas pessoas que estão com seus nomes expostos, quais foram suas contribuições para a sociedade?  Quem escolheu esses nomes para os espaços públicos? Quais são seus interesses? todas estas pessoas realmente merecem ser homenageadas? E, será que a população conhece as ações que tais homenageados realizaram? Neste texto buscaremos explorar a história de alguns homenageados na cidade de Foz do Iguaçu, tais como: Presidente Castelo Branco, Ministro Costa Cavalcanti e Presidente Costa e Silva.


Fazendo um breve resgate histórico, podemos citar que no ano de 1964 o Presidente João Goulard defendia a reforma de base que mudaria as estruturas agrárias, econômicas e educacionais brasileira. O então presidente que assumia esse governo  daria abertura para as organizações sociais, estudantes, trabalhadores e movimentos sociais participar da vida política do país. Com medo de um suposto golpe comunista, após alguns dias de comício na central do Brasil no Rio de Janeiro os militares da chamada linha dura deram um golpe tomando posse do governo brasileiro, instituindo assim uma ditadura-militar.

Os militares financiados por banqueiros, empresários e  setores da classe média  começam a se preocupar com a ideia de frear avanços sociais  no país. A Ala conservadora brasileira organizou uma manifestação, chamada: Marcha da Família com Deus da Liberdade. Reunindo milhares de pessoas saíram às ruas em São Paulo. Em março de 64 militares de Minas Gerais e São Paulo vão as ruas. João Goulart então se refugia no Uruguay para evitar uma guerra civil, assim, quem assume o governo brasileiro é o General Humberto de Alencar Castelo Branco [Castelo Branco].

Castelo Branco foi eleito pelo Congresso Nacional no mês de abril de 64 e ficou no poder até 1967. Prometeu defender a democracia, mas o que ocorreu foi contrário, um governo mais autoritário do que nunca, responsável por prisões e torturas; estabeleceu eleições indiretas para presidente além de dissolver os partidos políticos; vários parlamentares estaduais e federais tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados; os sindicatos receberam intervenções do governo militar.

No que concerne a dissolução dos partidos políticos, Castelo Branco acabou com os partidos tradicionais da época PSD, PTB, UDN, e institucionalizou dois partidos a ARENA [Aliança Renovadora Nacional] partido do governo que apoiava a ditadura e o MDB [Movimento Democrático Brasileiro] que seria o partido de “oposição”, nesse caso o governo militar queria mostrar uma aparência democrática. No inicio de 1967 os militares impõem uma nova constituição que legitima o regime militar e suas atuações.

Ainda no mesmo ano de 1967 quem assume o governo é o general Arthur da Costa e Silva [Costa e Silva], eleito indiretamente, governou até 1969. Nos anos que governou o Brasil enfrentou muitos manifestos de estudantes ligados a UNE [União Nacional dos Estudantes], de trabalhadores fabris que paralisaram suas atividades e de movimentos sociais. Nesta época, o governo passou a ser mais repressivo com perseguições, repressões, toques de recolher, torturas, cassação de políticos e junto a isso tudo instaurou Ato Institucional número 5 [AI-5], por sua vez daria o início aos “anos de chumbo”.

Na sexta-feira do dia 13 de dezembro de 1968 entra em vigor o AI-5 [Ato Institucional nº5], considerado o pior de todos; nesse ato o governo proibia toda forma de manifestações de natureza política, além de vetar o "habeas corpus" para crimes contra a segurança nacional (ou seja, crimes políticos). Além de conceder ao Presidente da República grandes poderes, tais como: fechar o Congresso Nacional; demitir, remover ou aposentar quaisquer funcionários; cassar mandatos parlamentares; suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer pessoa; decretar estado de sítio; julgamento de crimes políticos por tribunais militares entre outros domínios.

Já o Ministro Costa Cavalcanti, como é conhecido foi um dos opositores ao governo João Goulart, eleito como deputado pela UDN [União Democrática Nacional] ajudou a articular a candidatura do Costa e Silva. Logo foi nomeado Ministro das Minas e Energias em 1967, foi um dos integrantes que aprovou o AI-5, no endurecimento do regime militar. Em Abril de 1974 foi nomeado diretor geral da Itaipu Binacional pelo Presidente Ernesto Geisel ficando no cargo até o ano de 1985, no fim do governo João Figueiredo.

Por meio deste breve relato, notamos que três grandes protagonistas da ditadura militar no Brasil, usaram e abusaram dos poderes que tiveram em mãos em benefício de poucos. Usando da opressão, repressão, perseguição, torturando, invadindo casas sem mandato, infligindo a dignidade humana. O estranho e questionável nesta situação é ver o nome dessas pessoas em ruas, colégios, hospitais e praças. Como podem homenagear pessoas que foram totalmente contra a democracia, a liberdade, e o direito de expressão? Apenas defendendo interesses próprios e de uma classe conservadora e reacionária.

O importante é pensarmos quem realmente merece ser homenageado em nossas ruas, praças, hospitais e colégios, pois homenagear significa: reverenciar, celebrar, venerar, fazer reverência, e respeitar. Onde está gravado os nomes daqueles que lutaram e lutam pela liberdade, estudantes, trabalhadores artistas, os Luizes, Olgas, Joãos, Marias, Josés, Terezas. Esses sim merecem nossa reverência, veneração e respeito.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO E A LUTA POR VERDADE E JUSTIÇA EM FOZ DO IGUAÇU


Em 2007, iniciou-se um debate no Brasil sobre o tema da “Justiça de Transição”, conceito aplicado pelo Conselho de Segurança da ONU que reúne quatro práticas para lidar com o legado deixado por regimes de exceção. São elas: a reforma das instituições para a democracia, o direito à memória e à verdade, o direito à reparação e o adequado tratamento jurídico aos crimes cometidos no passado.

O que se debate hoje no País é que tortura e desaparecimento forçado são crimes de lesa-humanidade, imprescritíveis. Não podem ser objeto de anistia ou autoanistia. A Lei de Anistia brasileira, promulgada em 1979 (ou seja, ainda sob a égide do regime militar, existente entre 1964 e 1985), impune ao mesmo tempo as vítimas da ditadura e os responsáveis pelos crimes de tortura e desaparecimento forçado.

O Brasil é o único país da América Latina que ainda não julgou criminalmente quem torturou e matou. Ao longo de 21 anos de regime autoritário, vicejou aqui um sistema repressivo estimado em 24 mil agentes que, devido a razões políticas, prendeu cerca de 50 mil brasileiros e torturou algo em torno de 20 mil pessoas (uma média de três torturas a cada dia de ditadura), revela a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Somente com o desgaste cada vez maior da ditadura, e o movimento desencadeado pelos Comitês Brasileiros de Anistia é que o general João Batista Figueiredo promulgou a Lei de Anistia em 28 de agosto de 1979. Porém, essa lei que concedeu anistia aos opositores do regime, também anistiou os agentes da ditadura que prenderam, torturaram, mataram e ocultaram cadáveres. Com isso ficou decretado que não seriam investigadas as violações aos direitos humanos cometidas ao longo do regime totalitário.
Essa autoanistia promulgada pela ditadura trouxe prejuízos ao processo da justiça de transição e a obtenção de uma “verdade histórica” referente aos fatos ocorridos durante o regime de exceção e a construção de um regime com princípios e valores democráticos.

Entre as normas fundamentais para a concretização da Justiça de Transição estão as que devem contribuir para o esclarecimento da verdade sobre as violações praticadas durante o período ditatorial. Ao mesmo tempo, outros fundamentos da Justiça de Transição devem ajudar na construção de parâmetros para a reforma das instituições que cuidam da justiça e da segurança pública e, finalmente devem incentivar políticas públicas de educação para a memória, com o objetivo de conscientizar a “cultura do nunca mais”.

Vale salientar que o regime que sucedeu à ditadura está longe de ter princípios e valores democráticos. Por não ter posto em prática nos anos 80 a Justiça de Transição a sociedade brasileira caminha a passos lentos na construção de um País com princípios e valores democráticos, visto além do institucional, com preceitos humanísticos nas relações entre o Estado e a população. Ainda perdura entre nós a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, a descriminalização e o preconceito em vários sentidos, a ação policial pautada pela cultura do “pau-de-arara”, a abordagem policial estilo brucutu e a execução sumária praticada pelas polícias e justificadas nos boletins na forma de auto de resistência.

A violência policial no Brasil é reflexo da ineficiência do processo de transição. Segundo especialistas, entre os quais Juan Faroppa, consultor da Corte Interamericana de Direitos Humanos, “as forças policiais têm uma missão insubstituível para o funcionamento do sistema democrático”. Faroppa ressalta a existência de policias militares no Brasil como resquício do regime militar. A letalidade da polícia brasileira também assusta.

Essas violações foram herdadas do período ditatorial, quando membros da oposição foram assassinados na tortura e os agentes da repressão política faziam constar nos boletins que os mesmos haviam resistido à prisão. As violações aos direitos humanos na atualidade é conseqüência de uma democratização não resolvida, onde os criminosos de ontem são homenageados com nomes de ruas, praças, escolas e outros espaços públicos. Justiça de Transição é rever e reescrever, trazendo à luz os crimes de ontem, condenando os criminosos de ontem, para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.

Aqui em Foz do Iguaçu um grupo composto por pessoas conscientes dessa situação tomou a iniciativa de colocar essa discussão na ordem do dia. O coletivo, sob iniciativa do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), reúne militantes sociais, universitários, estudantes do ensino médio, sindicalistas, entre outros ativistas contrários ao esquecimento das crimes contra a humanidade.

Para tanto, este grupo está organizando uma série de atos públicos, entre os quais um dia de protesto às homenagens prestadas aos criminosos de ontem em nossa cidade. Vamos dizer em alto e bom som que o marechal Castelo Branco, o general Costa e Silva e o general Costa Cavalcanti, violentaram os direitos fundamentais da pessoa humana.

O município também produziu seus personagens durante a ditadura militar, entre eles o coronel Clóvis Cunha Vianna. O coronel foi prefeito nomeado de Foz do Iguaçu durante longos nove anos. Durante quase uma década à frente da prefeitura, foi alvo de denuncias de corrupção e de violação de direitos políticos.

As jornadas que irão culminar com a ação de protesto contra a nominação de espaços públicos homenageando os criminosos de ontem é um esforço iguaçuense de um construir permanente de uma sociedade democrática, onde os direitos humanos sejam respeitados em sua plenitude.

Foz do Iguaçu, 15 de agosto de 2011.

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CENTRO DE DIREITOS HUMANOS E
MEMÓRIA POPULAR DE FOZ DO IGUAÇU

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